Eis que você dorme. Não em sono profundo, porque talvez se o fosse, teu pensamento não estivesse comigo agora. Confunde-me ó passado que não há de dar-se por vencido até que de vez a morte das minhas lembranças sejam como semente inferteis, que já não dão bons nem maus frutos, apenas adormecem secas, e inúteis já não servem nem como paisagem.
Seu sorriso desperta-me no meio da madrugada, as paredes do quarto causam-me dor, você não está comigo, eu não posso sair, e o sono se foi. O que haveria eu de fazer? E porque fico nesta inércia se quando vejo teu sorriso é como se a vida fizesse algum sentido, e tu foste como o primeiro e mais belo anjo que Deus criou? Como seria a existência divina questiono-me, se não fosses tu o guardião da árvore da vida? É porque, quando estou sem ar em meus pulmões, quando o coração já não bombeia o sangue, e quando meu corpo gela, é com a presença ainda que vaga de teu rosto, com o sorriso meigo de tua face, é simplesmente com isto que meu ultimo sopro de vida, torna-se único e intransferível, aí na ânsia de tocar teu rosto, ergo-me, mas foi Deus guiando-me o tempo todo, e quando eu estive de pé, tua miragem dissipou-se.
E agora apenas a música toca meus ouvidos trazendo tua lembrança, eu vou dormir, na cama deitarei sozinha, mas a tua imagem, o teu sorriso, estarão presentes comigo.
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