Eu gostaría de dizer ao mundo agora, o que antes eu não era capaz de profonar nem com a voz mais esuberante do universo, mas eu seria incapaz agora, este silencio não é mais oportuno, e eu já não tenho nada a dizer.
Eu estava distante e Ana Maria deu seus primeiros passos, apenas a vi chorar fazendo aquele beiço, e me reprovando, de qualquer forma eu estava ao seu lado, mas não segurava sua mão, e mesmo assim ela correu para os meus braços quando precisou.
Ela era capaz de fazer tudo e todas as coisas, sua única exigência, é que eu fosse sua pláteia e que de alguma forma eu estivesse lá, tanto para vê-la decolar, quando para assistir sua queda, e sendo assim ajudá-la. Mas o que Ana Maria não sabia, é que eu apenas era uma peça no jogo, e eu estava empurrando-a para uma direção melhor.
Desconfiada, quando a noite chegava, logo juntava seu colchão e colocava junto ao meu, e cada passo que eu dava durante a noite, eu podia ver seus olhos arregalados que me olhavam pertubadoramente, querendo espreitar se aquele seria o momento em que eu partiria.
E em um dia frio, em que Ana Maria teve um terrível pesadelo, coloquei-a para dormir comigo, e ela então se acalmou, todos os dias depois deste, misteriosamente ela tinha pesadelos e eu comovida com seus olhos tristes, deixava que ocupasse a beirada de minha cama. Ana Maria sorria encantadoramente e eu prometi a mim que manteria seu sorriso mesmo que meu coração sangrasse de dor, ódio, ou qualquer sentimento puro ou impuro que brotasse em meu peito.
Desgastei-me algumas noites, pensava eu na vida, e no aroma que tem algumas flores, filosofava sobre as borboletas, e fazia pedido aos cometas.
Ana Maria estava dando novos passos, e eu a observava de longe, ela sorria, e pude perceber em cada passo que deu, que eu estava presente em seu sorriso, e que embora eu não estivesse ao seu lado, eu só deixaria de existir, no dia em que ela ocultasse o brilho que vinha de seus lábios, então eu morreria.
Então deixei algumas palavras ao lado de sua cama no dia em que parti.
Ana Maria é uma menina que não chora quando estou feliz, porque ela sabe que uma lágrima sua, faria eu derramar algumas, então, ela sempre espera os dias em que estou triste para chorar-mos juntas.
E Ana Maria foi feita no dia em que Deus criou a bondade, no terceiro dia de sua criação.
Ela sempre me olhava nos olhos pedindo para que eu não partisse, eu lhe disse que estaria lá, mas ela nunca se perguntou onde.
E depois de todos estes anos, ainda continuo no mesmo lugar onde disse que estaria, Ana Maria só precisa saber onde me encontrar.
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