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Jogue fora as flores, memorize o aroma delas.

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domingo, 10 de abril de 2011

Sinto que um dia eu irei acordar e a lembrança terna de meu pai haverá sumido. Como posso amar uma pessoa que se restringe a fazer o bem só quando dá água aos pássarinhos? 
Que quando a fúria assombra seus dias, atinge o mais fraco com o que estiver pela frente, e se um dia uma arma estiver ao seu alcance?
Hoje a frase que saiu de minha boca, obteve um pesado enorme em minha alma, acredito que ele tenha sentido mais que eu, porque o objetivo era fazer com que ele sentisse vergonha, desde quando Deus nos fez incapazes de raciocinar? E quando a ignorância e o machismo passaram a ser exemplos a ser seguidos?
Querido pai, as suas palavras não me atingem mais, o seu olhar quando me reprova, eu literalmente não me importo mais, é difícil aceitar que o senhor não me conhece, apenas hoje e sempre fui a sua filha, mas o senhor guardou de mim a pequena criança, os meus sonhos antigos, e hoje nada sabe sobre a mulher na qual eu me tornei. Isso dói todas as vezes quando inutilmente eu tento expressar alguma situação para o senhor, só ouço devaneios e coisas sem nexo, nada se encaixa quando o senhor tenta me dar conselhos, e aquele pai sorridente, amável, bondoso, guardo apenas em minhas lembranças, e nos dias em que seu humor está admirável, e volta a ser como antes, mas eu o rejeito, porque odeio mentiras.
Quando o senhor dizia-me sobre sonhos, eu pensava, meu pai tem força, tem garra. Ai quando eu comecei a construir os meus, o senhor disse que não sonhava mais, que a vida era uma bobagem, e que só haviam pesadelos. O pior disso tudo é que um tempo depois, eu comecei a acreditar nisso. Me senti tão vazia, e tão sem sentido que quis saber se era assim a sua vida, mas optei pelo silêncio.
Mas eu aprendi pai, aprendi pra não fazer igual. 

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